segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Crítica de Cinema: 2 Coelhos

Ficha Técnica
Filme: 2 Coelhos (2 Coelhos, 2011).
Direção: Afonso Poyart.
Roteiro: Afonso Poyart, Izaias Almada.
Elenco: Fernando Alves Pinto, Alessandra Negrini, Caco Ciocler, Marat Descartes, Roberto Marchese, Robson Nunes, Thaíde, Thogun, Neco Villa Lobos, Aline Muller, Djair Guilherme. 
Duração: 108 minutos.
Classificação: 16 anos.




Estamos tão acostumados com os blockbusters que nos são jogados lá dos esteites que acabamos ignorando tudo que nos é apresentado aqui no nosso Brasil, muitas vezes ignoramos por ignorância mesmo, por acharmos que a qualidade dos filmes que valem a pena são somente aqueles que retratam a realidade de maneira crua e que ainda assim nos entretem, Tropa de Elite 2 é um grande exemplo disso, mas fechamos nossos olhos a outros filmes que não retratam a nossa realidade mas que são tecnicamente impecáveis e donos de roteiros maravilhosos (como o elogiadíssimo O Palhaço, de Selton Mello).


2 Coelhos mostra que o Brasil carece de mais filmes da sua linha para que faça-nos esquecer um pouco desses lixos americanos (não generalizando) que nos é jogado e ainda num 3D barato e que consequentemente nos faz desembolsar mais o que podemos pagar, o filme dirigido pelo estreante Afonso Poyart é um filme que entretem bastante e que não deixa você respirar - graças a uma montagem frenética que remete muito aos filmes de hoje, que são feitos sob medida para os jovens- e também que conta com um mar de personagens que a todo instante o roteiro tem de nos lembrar que estão ali por meio da narração em off de Edgar (Fernando Alves Pinto), um jovem que cansado de ver bandidos e políticos fugirem impunes das barbaries que cometem e prejudicam o povo resolve colocá-los em rota de colisão com um plano mirabolante, sempre indo e vindo na trama para explicar as pontas soltas, propositalmente, já que pelo enorme número de personagens é necessário, pois vez ou outra acabamos esquecendo que tal existe, a narrativa não linear lembra muito os primeiros filmes de Tarantino (Pulp Fiction Jackie Brown por exemplo) que têm esse costume de ir e vir na narrativa.

O filme segue no seu ritmo frenetico sem nunca nos deixar respirar, a não ser em seu climáx, Alessandra Negrini encarna uma femme fatale com propriedade, não devendo nada as estadunidenses, Marat Descartes entrega um vilão extremamente diferente dos clichês que vemos, não se excedendo um momento sequer e agindo com naturalidade o que dá mais temor do que seu personagem (o traficante Maicom) pode fazer, e o ponto principal da narrativa que é Walter , um ex-professor universitario que é vital para a conclusão do filme e é encarnado por Caco Ciocler na medida certa.



E por fim a veia cômica do filme que fica com Thogun, Thaíde e Robson Nunes. Nunca beirando o caricaturismo e sempre pontual e realmente engraçado. Tecnicamente impecável, seus efeitos especiais e seus efeitos em câmera lenta que sempre focam a ação (assim como nos filmes de Guy Ritchie) são empregadas na hora exata e sinceramente chegamos a pensar estar assistindo um filme lá de fora.



O filme é um achado na filmografia nacional, logicamente inspirada nos filmes gringos (vide a trilha sonora pontuada por um hit da banda 30 Seconds to Mars), mas que tem em sua aura 100% nacional, parabéns pela produção dar a cara a tapa e se arriscar num filme que dificilmente veríamos em circuito nacional se não fossem os sucessos de filmes como Tropa de Elite 1 e 2 e Cidade de Deus, que fizeram o povo brasileiro ter vontade de prestigiar o cinema nacional não somente na telinha, mas na telona também e esperamos que mais exemplares de filmes assim saiam daqui.


Nota: 8,5

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