terça-feira, 16 de agosto de 2011

Underpop: Saló ou 120 dias de Sodoma

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Sempre que ouço ou leio: Determinado filme é o mais polêmico já feito, sempre duvido do julgamento da pessoa ou veículo de comunicação e vou conferir com meus próprios olhos e entender o que torna a obra citada tão controversa assim.
Isso aconteceu em relação a Saló ou 120 dias de Sodoma (Salò o le 120 giornate di Sodoma - 1975), volta e meia quando acho alguma lista com Os Filmes mais Polêmicos já feitos, essa obra do diretor italiano Pier Paolo Pasolini está no meio.
Baseada na novela 120 dias de Sodoma escrita pelo francês Donatien Alphonse François de Sade e adaptada por Pasolini, esse filme gera discussões até os dias atuais.

A história passa-se no ano de 1944 na ex-comuna italiana de Salò (parte da Itália que não havia sido ocupada pelos Aliados) a película retrata a história de quatro fascistas italianos que capturam 18 jovens (nove homens e nove mulheres) e os levam até uma mansão distante da cidade, para então realizar seus desejos sádicos, geralmente filmes considerados polêmicos, causam reações adversas por possuírem conteúdo de violência explícita e abusiva, mostrando mortes, mutilações e atos de violência sexual com riqueza de detalhes, mas esse não é o caso de Saló. Ao invés da violência "tradicional", essa estranha obra abusa da escatologia (ou coprologia).


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A história basicamente resume-se aos quatro fascistas levando seus prisioneiros para uma mansão afastada da cidade, onde reúnem-se a mais quatro senhoras da alta sociedade para realizarem espécies de reuniões onde, um por vez, contam histórias eróticas, a fim de causar excitação uns aos outros. As vítimas são divididas entre cada integrante do grupo fascista, para que estes façam o que quiserem com elas durante as tais reuniões, entendam "o que quiserem" como atos que vão de relações sexuais de todos os tipos (homossexuais inclusive) até o mais chocante do filme: O banquete de fezes, sim, eles não só fazem suas vítimas comerem excrementos, como eles próprios comem com total satisfação.

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O filme todo é uma grande metáfora, a começar pelos apelidos dos quatro fascistas: O Duque, o Presidente, o Bispo e o Magistrado. Cada um obviamente fazendo alusão a cada setor da sociedade pertencente, e mostrando na visão do diretor, o que cada um deles deseja fazer com a população, no caso os jovens sequestrados.
Saló nos mostra o ser humano em sua natureza mais primitiva, mas ao invés de simplesmente ilustrar pessoas buscando o prazer sexual como animais irracionais, mostra o quão pervertida pode ser a mente humana, principalmente quando em grupo e livre de qualquer tipo de regra, explorando psicologicamente ao máximo que ela consegue imaginar-se na busca do hedonismo. Ou metaforicamente falando, o que um grupo de governantes é capaz de implicar a sociedade quando tem poder ilimitado perante ela.

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Olhando pela ótica cinematográfica, Saló é um filme simples e pobre. Talvez tenha sido feito propositalmente assim, já que a história atrai muito mais atenção do que qualquer coisa. Por isso vemos quase nada de fotografia e atuações praticamente amadoras num filme bem parado e frio.
Se você tem estômago fraco, não é um filme recomendado, aliás é um filme que eu não recomendaria a ninguém. Mas se você busca algo diferente (e forte), ou está fazendo algum estudo sobre semiótica em filmes, é uma obra que vale a curiosidade.





Nota: 3


Imagens: Divulgação.

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